Fevereiro Laranja: Leucemia

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A leucemia é um câncer maligno que começa na medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas. A medula óssea é um líquido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos que produz os componentes do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos responsáveis pelo oxigênio do nosso organismo), leucócitos (glóbulos brancos que combatem infecções) e plaquetas (responsáveis pela coagulação do sangue, evitando hemorragias).

A leucemia acontece quando os glóbulos brancos (leucócitos) perdem a função de defesa e passam a se produzir de maneira descontrolada.

Baseando-se nos tipos de glóbulos brancos que elas afetam, o câncer é dividido em dois grandes grupos: mieloide e linfoide; elas também podem ser agudas, quando há o crescimento rápido de células imaturas; ou crônicas, caracterizadas pelo aumento das células maduras, mas anormais.

  • Leucemia mielóide aguda (LMA)

Esse tipo de leucemia pode ocorrer em qualquer pessoa, mas as que mais sofrem são as que possuem mais de 65 anos. Ainda não foi descoberto o motivo do surgimento dessa doença.

A principal característica é a produção de blastos que células imaturas, glóbulos brancos que são responsáveis por combater infecções. Essas células são produzidas de forma involuntária e a sua função de combater as infecções, vírus e bactérias se tornam nulas.

Quando há uma grande quantidade de blastos na medula óssea, as formações dos outros componentes do sangue são bloqueadas (plaquetas e glóbulos vermelhos). Pela característica da leucemia aguda possuir rápido desenvolvimento, é importante que o tratamento seja feito no início.

  • Leucemia mieloide crônica (LMC)

A leucemia mieloide crônica é um tipo de câncer não hereditário que ocorre na medula óssea e, principalmente, em pacientes com a média de idade de 50 anos. O motivo da doença acontecer ainda não é conhecido, mas é sabido que a doença é adquirida ao longo da vida.

Esse tipo de leucemia se difere dos outros por conta de uma anormalidade genética que ocorre nos glóbulos brancos, conhecida como cromossomo Ph+. Os humanos possuem 22 pares de cromossomos somados aos 2 cromossomos sexuais, totalizando 46 cromossomos, e, quando a doença surge, ocorre uma translocação em dois cromossomos (fusão de uma parte de um cromossomo em outro). Os pares de cromossomos em que isso ocorre são 9 e 22, caracterizando a doença.

Acredita-se que 7 a cada 10 pacientes conseguem se livrar da doença completamente.

  • Leucemia linfoide aguda (LLA)

Esse tipo de câncer é o mais comum entre as crianças. A doença não é hereditária, mas também ainda não é conhecida a sua causa. Sabe-se que 9 entre 10 crianças conseguem a cura da leucemia linfoide aguda.

A doença ocorre quando as células-tronco responsáveis pela origem dos componentes do sangue sofrem alterações. Esses componentes do sangue são os responsáveis por combater infecções, impedir hemorragias e também fazer a oxigenação do organismo.

As células param de funcionar e se reproduzem de forma muito rápida, pelo fato da doença ser aguda. Esse tipo de leucemia afeta as células que ainda estão sendo formadas, comprometendo as células sanguíneas. A evolução da doença é rápida, por isso é muito importante que o diagnóstico seja dado rapidamente.

 Apesar de a doença ser encontrada na maioria das vezes em crianças, os adultos também podem sofrer com esse tipo de leucemia. Nesses casos, metade dos pacientes conseguem se curar do problema.
  • Leucemia linfoide crônica (LLC)

Esse tipo de leucemia costuma afetar pessoas com mais de 50 anos e não há registro de crianças com leucemia linfoide crônica. A doença não é hereditária, mas sim adquirida durante a vida.

Esse é um tipo de leucemia diferente, já que alguns casos não necessitam de tratamento. O problema surge quando os glóbulos brancos se desenvolvem de forma desenfreada e suas funções se perdem. Além disso, a doença é caracterizada como crônica por conta de uma alteração que provoca o crescimento de linfócitos B maduros mas a produção de células normais pode não ser afetada. Ao mesmo tempo em que ocorre uma produção de células com problemas, o processo de fabricação e a maturidade de células “boas” também cresce.

Subtipos

  • Leucemia linfocítica granular T ou NK

Afeta linfócitos T ou NK (Natural Killer). É rara, pouco agressiva e indolor.

  • Leucemia agressiva células NK

É um linfoma dos linfócitos NK (raro), que pode ser induzido pelo vírus Esptein-Barr. Mais comum em adolescentes e adultos jovens, causa um declínio muito rápido, exigindo rápido início da quimioterapia.

  • Leucemia de células T do adulto

É causada pelo vírus linfotrópico da célula T humana (HTLV), um retrovírus semelhante ao HIV, que também afeta os linfócitos T CD4+, mas imortaliza a célula para que produza mais HTLV.

  • Leucemia de células pilosas

Um subtipo de leucemia linfocítica crônica, com linfócitos que parecem ter pelos quando observados ao microscópio. Cerca de 80% das pessoas afetadas são adultos do sexo masculino, e não foram notificados casos em crianças.

Os sintomas de leucemia estão relacionados ao tipo de condição de saúde que a pessoa apresenta. Os principais sintomas da leucemia decorrem do acúmulo de células na medula óssea, prejudicando ou impedindo a produção dos glóbulos vermelhos (causando anemia), dos glóbulos brancos (causando infecções) e das plaquetas (causando hemorragias).

A leucemia de crescimento lento ou crônica pode não causa quaisquer sintomas no início, enquanto a leucemia de cunho agressivo ou de rápido crescimento pode levar a sintomas graves.

Os sinais e sintomas da leucemia comum incluem, tipicamente:
  • Febre ou calafrios;
  • Fadiga;
  • Fraqueza;
  • Infecções frequentes ou graves;
  • Perda de peso sem esforço;
  • Aumento do fígado ou do baço;
  • Sangramento fácil ou hematomas;
  • Hemorragias nasais recorrentes;
  • Manchas vermelhas minúsculas na pele;
  • Transpiração excessiva (principalmente à noite);
  • Dor nos ossos ou articulações.

Em caso de células que se infiltram no cérebro, sintomas como dores de cabeça, convulsões, perda de controle muscular e vômito podem ocorrer.

Todos os tipos de leucemia, já citados anteriormente, ocorrem por conta de alguma alteração genética, que não é hereditária e, sim, adquirida durante a vida. As células sofrem alteração genética fazendo com que ocorra uma divisão celular que desativam os genes supressores do tumor. Acontece também a multiplicação desenfreada de uma mesma célula levando ao surgimento do câncer.

Não existe uma causa única para todos os tipos de leucemia. Cada tipo de leucemia possui sua própria causa. Suspeita-se de ser causada por fatores diversos, dentro deles: herança genética, desencadeamento após contaminação por certos tipos de vírus, radiação, poluição, tratamento quimioterápico entre outros.

Não existe forma de detectar a leucemia precocemente, portanto ficar atento aos sintomas e sinais é a melhor forma de descobrir a doença. Caso haja suspeita do câncer, deve-se procurar um oncologista ou hematologista, estes profissionais podem pedir os exames a serem feitos e dar o diagnóstico definitivo.

Os médicos especializados para dar o diagnóstico da leucemia são oncologistas ou, então, hematologistas.

Alguns exames podem ser feitos para que o diagnóstico da doença seja efetivado:

  • Hemograma: ao fazer um exame de rotina, pode-se notar um hemograma anormal sugestivo de leucemia com presença de células imaturas ou uma proliferação excessiva de células aparentemente maduras. O hemograma não serve para classificar a leucemia, mas geralmente é o primeiro exame a ser notado alguma alteração. Também se verifica se há presença de anemia e trombocitopenia.
  • Mielograma: É um exame de grande importância para o diagnóstico, através da análise da morfologia das células e com o uso de provas citoquímicas. O mielograma é usado também para a avaliação da resposta ao tratamento, indicando se, morfologicamente, essas células leucêmicas foram erradicadas da medula óssea (remissão completa medular). Esse exame é feito sob anestesia local e consiste na aspiração da medula óssea seguida da confecção de esfregaços em lâminas de vidro, para exame ao microscópio. Os locais preferidos para a aspiração são a parte posterior do osso ilíaco (bacia) e o esterno (parte superior do peito). Durante o tratamento são feitos vários mielogramas.
  • Punção lombar: A espinal medula é parte do sistema nervoso, que tem a forma de cordão, e por isso é chamada de cordão espinhal. A medula é forrada pelas meninges (três membranas). Entre as meninges circula um líquido claro denominado líquor. A punção lombar consiste na aspiração do liquor para exame citológico e também para injeção de quimioterapia com a finalidade de impedir o aparecimento (profilaxia) de células leucêmicas no SNC ou para destruí-las quando existir doença (meningite leucêmica) nesse local. É feita na maioria das vezes com anestesia local e poucas vezes com anestesia geral. Nesse último caso, é indicado em crianças que não cooperam com o exame.
  • Citometria de fluxo: Pesquisa alguns marcadores de superfície das células imaturas. No caso de uma leucemia linfóide aguda é possível saber se a proliferação é de linfócito T ou B.
  • Exame de sangue: Os exames de sangue são pedidos pelos médicos para que eles possam verificar a funcionalidade do fígado e dos rins e descobrir se esses órgãos foram afetados durante o tratamento. Além disso, o exame é recomendado para descobrir infecções por conta da fragilidade do sistema imunológico.

  • Biópsias excisional de gânglio linfático: Para a realização deste exame, um gânglio pode ser removido. Além disso,  a biópsia excisional pode ser feita com anestesia local, se o gânglio estiver próximo à pele, ou, então, com anestesia geral  caso não esteja.

  • Raios-x: Ao realizar o exame de raio-x, o aumento do timo ou dos gânglios linfáticos do tórax pode ser detectado mais facilmente.

  • Tomografia computadorizada: Esse tipo de exame é realizado para produzir uma imagem detalhada de uma parte do organismo. Imagens de raio-x são produzidas enquanto a máquina gira em torno do paciente. Um contraste pode ser injetado no paciente para que as estruturas do corpo sejam definidas mais facilmente. Para realizar esse exame, o paciente deve ficar imóvel sobre uma mesa por cerca de meia hora. O exame ajuda também a descobrir se o fígado e os rins foram afetados pela leucemia.

  • Ultra-som: O ultra-som utiliza ondas sonoras para produzir uma imagem dos órgãos internos. Com o instrumento utilizado para realizar o exame, o eco (uma reflexão de som que chega ao ouvinte pouco tempo depois do som direto) é captado e convertido pelo computador em imagem.

  • Ressonância magnética: A ressonância é feita para verificar se a doença atingiu o sistema nervoso e costuma demorar até uma hora. A ressonância usa ondas de rádio e as que são analisadas são absorvidas e depois liberadas em um padrão dado pelo tipo de tecido do corpo.

  • Cintilografia óssea: Uma pequena quantidade de um composto radioativo é injetada no paciente e essa substância se acumula em áreas dos ossos atingidas por metástases ou infecções.

  • Exame citoquímico: As células da amostra são espalhadas em uma lâmina e expostas a corantes que reagem somente com alguns tipos de células leucêmicas. Dessa forma, esse exame é muito útil para diferenciar os tipos de leucemia.

  • Exame citogênico ou cariótipo: O estudo detecta alterações que ocorrem nos cromossomos (células normais contém 46 cromossomos). Em alguns tipos de leucemia, um cromossomo aparece ligado a outro, o que é chamado de translocação e que pode ser visto no microscópio. A identificação dessas translocações permite diagnosticar a leucemia mieloide aguda e a leucemia linfoide aguda.

  • Exame imunocitoquímico: Esse procedimento envolve o tratamento das células obtidas na biópsia com anticorpos especiais. Mas, em vez de usar laser e computador na análise, a amostra é feita com a mudança da coloração das células, o que permite descobrir as diferentes formas de leucemia.

  • Estudos moleculares: A detecção de alterações cromossômicas e moleculares são feitas com métodos de polimerase em cadeia ou hibridização. Além de diagnosticar, o prognóstico pode ser realizado de acordo com a anomalia encontrada no exame.

O tratamento tem o objetivo de destruir as células leucêmicas, para que a medula óssea volte a produzir células normais. O grande progresso para obter cura total da leucemia foi conseguido com a associação de medicamentos (poliquimoterapia), controle das complicações infecciosas e hemorrágicas e prevenção ou combate da doença no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Para alguns casos, é indicado o transplante de medula óssea.

O tratamento é feito em várias fases. A primeira tem a finalidade de atingir a remissão completa, ou seja, um estado de aparente normalidade que se obtém após a poliquimioterapia. Os quimioterápicos mais utilizados são a citarabina (por 7 dias) e a daunorrubicina (por 3 dias), este esquema é conhecido como 7+3. Esse resultado é conseguido entre um e dois meses após o início do tratamento (fase de indução de remissão), quando os exames não mais evidenciam células leucêmicas. Isso ocorre quando os exames de sangue e da medula óssea (remissão morfológica) e o exame físico (remissão clínica) não demonstram mais anormalidades.

Entretanto, as pesquisas comprovam que ainda restam no organismo muitas células leucêmicas (doença residual), o que obriga a continuação do tratamento para não haver recaída da doença. Nas etapas seguintes, o tratamento varia de acordo com o tipo de leucemia (linfoide ou mieloide), podendo durar mais de dois anos nas linfóides e menos de um ano nas mieloides.

São três fases:

  • consolidação (tratamento intensivo com substâncias não empregadas anteriormente);
  • reindução (repetição dos medicamentos usados na fase de indução da remissão) e
  • manutenção (o tratamento é mais brando e contínuo por vários meses).

Por ser uma poliquimioterapia agressiva, pode ser necessária o internamento do paciente nos casos de infecção decorrente da queda dos glóbulos brancos normais pelo próprio tratamento.

Assim como a leucemia é separada em 4 tipos, a forma de tratamento também costuma variar de acordo com a causa da doença e suas variações. Geralmente, o tratamento da leucemia linfoide crônica não precisa ser feito imediatamente após o diagnóstico, diferente da leucemia aguda, que precisa de tratamento imediato com a quimioterapia e, até mesmo, o transplante de medula.

O médico deve analisar vários fatores até decidir qual a melhor forma de tratar a doença. Tipos de tratamentos:

  • Quimioterapia

A principal forma de tratar a leucemia é com a quimioterapia. A forma como ela é feita depende de fatores específicos de cada paciente e será o médico quem avaliará a melhor forma de realizá-la. Esse tipo de tratamento usa produtos químicos para combater as células da leucemia. Dependendo do caso, somente um medicamento é usado, ou então, uma combinação de diversos deles pode ser utilizado para que o tratamento seja feito.

  • Radioterapia

A radioterapia é utilizada, na maioria das vezes, por pacientes que sofrem da leucemia linfoide crônica, para que as massas linfonodais sejam diminuídas. Ainda, a radioterapia pode ser usada para preparar o paciente para o transplante de medula óssea. A radioterapia usa raios-X e outros feixes de alta intensidade para danificar células leucêmicas e inibir o crescimento.

  • Terapia biológica

Esse tipo de tratamento é feito com terapias que auxiliam o sistema imunológico a atacar e reconhecer células leucêmicas.

  • Transplante de células tronco

O procedimento é baseado na substituição da medula óssea afetada pelo câncer por uma saudável. Antes que ocorra o transplante, sessões de quimioterapia e radioterapia podem ser feitas para que a medula óssea doente seja destruída. A infusão de células tronco são indicadas para reconstruir a medula.

A causa exata das leucemias ainda é desconhecida, mas sabe-se que existem alguns fatores que facilitam o surgimento do câncer. Eles são:

  • Algumas doenças do sangue, como mielodisplasia e neoplasias mieloproliferativas;
  • Algumas doenças genéticas, como anemia de fanconi, neurofibromatose, síndrome de Down e outras;
  • Exposição a produtos químicos, derivados de benzeno, que podem estar presentes em indústrias petroquímicas e fábricas de produtos químicos;
  • Tratamento prévio com radioterapia ou quimioterapia;
  • Exposição a radiação ionizante, como observado em pessoas que sobreviveram de vazamento nuclear e bomba atômica.

É preciso deixar claro que, por mais que haja algum fator de risco, não é certo que o paciente terá a doença.

Fontes: Abrale, Minha Vida, Minuto Saudável, Wikipédia.