Lúpus Eritematoso Sistêmico

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O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus)é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujo sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão.

São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo e nos braços); o sistêmico, é aquele no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.

Nessa doença, o corpo produz uma quantidade muito maior de anticorpos e esse desequilíbrio resulta em um mau funcionamento. Dessa forma, a nossa defesa “ataca” do nosso próprio corpo, podendo atingir qualquer parte de nosso organismo, mas, principalmente, atingindo nosso o núcleo das células. Essa doença é mais comum em mulheres jovens e em pessoas negras e mestiças.

Uma duvida que costuma surgir muito sobre a LES é sobre se ela é ou não contagiosa. E, não, ela não é uma doença contagiosa.

Embora a causa do LES não seja conhecida, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais participam de seu desenvolvimento. Portanto, pessoas que nascem com susceptibilidade genética para desenvolver a doença, em algum momento, após uma interação com fatores ambientais (irradiação solar, infecções virais ou por outros micro-organismos), passam a apresentar alterações imunológicas. A principal delas é o desequilíbrio na produção de anticorpos que reagem com proteínas do próprio organismo e causam inflamação em diversos órgãos como na pele, mucosas, pleura e pulmões, articulações, rins etc.). Dessa forma, entendemos que o tipo de sintoma que a pessoa desenvolve, depende do tipo de autoanticorpo que a pessoa tem e, que como o desenvolvimento de cada anticorpo se relaciona às características genéticas de cada pessoa, cada pessoa com lúpus tende a ter manifestações clínicas (sintomas) específicas e muito pessoais.

Existem 3 tipos de lúpus:

  • Discoide

É sempre limitado à pele. É identificado por inflamações cutâneas que aparecem na face, nuca e couro cabeludo. Aproximadamente 10% dos casos de lúpus discoide podem evoluir para lúpus sistêmico, o qual pode afetar quase todos os órgãos ou sistemas do corpo.

  • Sistêmico

Costuma ser mais grave que o lúpus discoide e pode afetar quase todos os órgãos e sistemas. Em algumas pessoas predominam lesões apenas na pele e nas articulações, em outras pode haver acometimento dos rins, coração, pulmões ou sangue.

  • Induzido por drogas ou medicamento

O lúpus eritematoso induzido por drogas ocorre como consequência do uso de certas drogas ou medicamentos. A lista atual de possíveis responsáveis inclui quase uma centena de drogas sendo os mais conhecidos a procainamida e a hidralazina. Os sintomas são muito parecidos com o lúpus sistêmico. Os próprios medicamentos para lúpus também podem levar a um estado de lúpus induzido. Com a suspensão do medicamento responsável os sintomas normalmente desaparecem.

Em alguns casos, pode-se levar um longo período ente o surgimento de um sintoma e outro. E por ser uma doença que pode se manifestar de formar e níveis diferentes, até se assemelhar com sintomas de outras doenças, o seu diagnóstico precoce pode ser difícil de ocorrer.

Primeiro sintomas mais comuns que podem ser citados:

  • Febre, cansaço (fatiga) e mal-estar (náusea);
  • Inflamação nas articulações (artrite);
  • Inflamação no pulmão (pleurisia);
  • Inflamação no coração (pericardite);
  • Inflamação dos gânglios linfáticos;
  • Dores e inflamações musculares (mialgia);
  • Mancha avermelhada em forma de borboleta no rosto (eritema malar);
  • Úlceras na boca, faringe e nariz (aftas);
  • Perda de apetite e de peso (anorexia).

As alterações neuro-psiquiátricas são manifestações mais raras nas pessoas que apresentam o lúpus, elas podem ser a causa das convulsões, um dos sintomas presentes em casos mais graves. Além disso, alterações de humor, depressão e ansiedade podem ser presentes como agravantes.

  • Manifestações dermatológicas

30% dos pacientes sofrem de sintomas dermatológicos, enquanto 65% dos pacientes sentem estas manifestações num determinado momento. Grande parte dos pacientes sofrem de eritema malar, que está associada à doença. Alguns pacientes podem apresentar espessamento da pele ou manchas vermelhas na mesma (o chamado Lúpus eritematoso discoide).

  • Manifestações muscoloesqueléticas

A manifestação musculoesquelética mais comum, são as dores nas articulações. Apesar de todas estarem vulneráveis, a mais afetada é a articulação do punho e da mão. Segundo a Lupus Foundation of America, existe uma estimativa de que 80% dos pacientes, irão, em alguma fase da doença, experimentar manifestações deste gênero. Ao contrário da artrite reumatoide, a artrite lúpica apresenta menor risco de incapacidade motora e geralmente não causa graves danos nas articulações. Menos de 10% dos doentes irão apresentar deformidade nos pés e nas mãos. Os pacientes estão particularmente em risco de desenvolver tuberculose osteoarticular. O LES aumenta o risco de fractura de ossos nas mulheres mais jovens e a doença tem vindo a ser associada à artrite reumatoide.

  • Manifestações hematológicas

Em cerca de 50% dos casos há o risco de surgimento de anemia. É possível que ocorra uma queda significativa na contagem de plaquetas e leucócitos. Esta contagem baixa pode estar associada ao LES, mas também pode ser um efeito colateral dos tratamentos farmacológicos. Pessoas com LES podem sofrer de síndrome de Hughes.

  • Manifestações cardíacas

Uma pessoa com LES apresenta várias infecções no coração, nas suas diversas zonas, como a pericardite, endocardite e miocardite. A endocardite do LES envolve tanto a válvula mitral como a válvula tricúspide. Aterosclerose também tende a ocorrer mais frequentemente nas pessoas com LES do que na população geral.

  • Manifestações renais

Pacientes com LES devem fazer acompanhamento regular da função renal. Níveis elevados de creatinina sérica, baixos níveis de albumina ou proteína ou sedimento urinário sugerem nefrite lúpica mesangial ou membranosa.

Pacientes com nefrite lúpica ativa apresentam geralmente outros sintomas de lúpus eritematoso sistêmico, como fadiga, febre, erupção cutânea, artrite, serosite ou transtorno do sistema nervoso central (SNC). A nefrite lúpica ativa pode ser uma nefrite proliferativa difusa ou proliferativa focal. Causam um síndrome nefrótica, ou seja, perda importante de proteínas em urina resultando em edema periférico, hipertensão arterial sistêmica e hipoalbuminemia.

Exames de sangue e urina são habitualmente utilizados para a definição final do diagnóstico, estes exames são importantes também para a definir se há atividade do LES. Apesar de não haver um teste/exame específico e exclusivo para LES, outros exames como o FAN (fator ou anticorpo nuclear) e testes laboratoriais, como anti-SM e anti-DNA são essenciais, pois trazem mais clareza para o diagnóstico.

  • Fator ou Anticorpo Nuclear (FAN)

Esse teste é bastante utilizado para detectar doenças autoimunes. Ele é realizado em laboratório a partir de uma amostra de sangue do paciente. Para descobrir se alguém está com uma doença autoimune, um corante fluorescente é utilizado para marcar os tipos de anticorpos. Esse sangue coletado é misturado a uma cultura celular.

Cultura celular é o nome dado ao processo laboratorial responsável pelo controle de temperatura, umidade e outros fatores de sobrevivência de células – animais ou vegetais – de tecidos vivos. É uma espécie de criação artificial de células mesmo. Como o próprio nome remete, é um cultivo dessas células por meios laboratoriais.

Se houver anticorpos que atacam as estruturas das células humanas, o exame mostrará a migração em direção a cultura celular. Esses anticorpos acabam se fixando e tornam-se fluorescentes. Quando os anticorpos atacam o núcleo das células, a amostra revela células com núcleos fluorescentes. Se os citoplasmas forem atacados, também acontece essa mudança.

Não é um exame imediato. Só é considerado positivo após, aproximadamente, 40 diluições e preocupante após 160 diluições. Para se ter uma ideia, existe mais de 20 tipos de imunofluorescência. No caso do lúpus, como o núcleo das células é o mais afetado durante a doença ativa, é preciso que este fator seja levado em consideração, mas depende muito da interpretação correta dos resultados e da avaliação dos sintomas.

  • Medição de anti-Sm e anti-DNA

Além do FAN, outros testes possibilitam o diagnóstico do lúpus. Eles são bem específicos e tem a função de detectar alguns tipos de anticorpos presentes no paciente. Alguns dos anticorpos são o anti-Sm e o anti-DNA.

Os anticorpos anti-Sm e anti-DNA estão presentes, geralmente, entre 40% a 50% das pessoas com lúpus. O anti-DNA também funciona como um termômetro do estágio da doença no paciente. Realizar esses exames, entre outras precauções, auxilia a identificar se a doença está em atividade ou sob controle.

O tratamento para lúpus é contínuo e demanda o acompanhamento médico sempre, pois ainda não há cura para a doença. Seu papel é amenizar os sintomas e possibilitar uma boa qualidade de vida para as pessoas diagnosticadas nesse quadro.

 Esta é uma doença muito singular, pois seus sintomas não são um padrão para todos, nem mesmo a periodicidade em que surgem. Diante do tratamento, se comporta da mesma forma. Em pessoas em que a doença se manifestou de uma forma mais grave, o tratamento também exigirá maior rigor.

Além dos medicamentos, existem algumas formas do paciente amenizar os sintomas, como mudanças dos hábitos e alimentação.

  • Tratamento com medicamentos

O tratamento com medicamentos, dentro das outras possibilidades, estará presente na vida de todos os pacientes diagnosticados. Para amenizar os sintomas e deixar a doença em estado de remissão, os médicos reumatologistas deverão recomendar o uso de alguns medicamentos específicos.

Medicamentos antimaláricos, por exemplo, auxiliam na prevenção da doença, deixando-a inativa. Para as fases inflamatórias agudas, é recomendado o uso dos corticosteróides. Na fase inicial, o uso de anti-inflamatórios é recorrente e, para as lesões na pele, o uso de corticoides em pomada.

É possível que os médicos também possam receitar imunossupressores. O objetivo é reduzir a atividade do sistema imunológico, diminuindo os danos provocados no organismo do paciente. Lembrando que somente o médico, após diagnóstico e acompanhamento dos sintomas, saberá qual será o medicamento adequado e o tempo de uso de cada um deles.

  • Mudança de hábitos

Levar uma vida mais saudável é sempre um fator positivo na luta contra qualquer doença. Com os pacientes de lúpus não é diferente.

Além do acompanhamento dos médicos e dos tratamentos com medicamentos, é possível levar uma vida mais confortável com alguns hábitos simples. O uso do protetor solar, abandonar o tabagismo, evitar a exposição ao sol em horários não indicados, praticar atividades físicas quando a doença estiver inativa e manter uma dieta equilibrada são alguns deles.

  • Transplante

Os transplantes podem ser necessários nos casos mais graves como, por exemplo, em lesões renais que tiveram complicações.

Fonte: Minuto Saudável, Reumatologia, Wikipedia.