Fevereiro Roxo: Alzheimer

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A Doença de Alzheimer, ou Mal de Alzheimer, – que leva o nome do médico que a descreveu, em 1906, Alois Alzheimer – é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo. É apresentada como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte das células cerebrais. Apesar de incurável, pode e deve ser tratada e, quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas.

Não se sabe o motivo do Alzheimer ocorrer, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características.  As duas principais alterações que se apresentam são as placas senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide, anormalmente produzida, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.

Estudos recentes demonstram que essas alterações cerebrais já estariam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais. As perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea, as áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas, responsáveis pela memória, e pelas funções executivas, que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Posteriormente, outras áreas tendem a ser atingidas, com isso, ampliando suas perdas. Há estudos variados que indicam que a influência genética pode representar de 1 a 5% dos casos da doença.

Esta doença é caracterizada pela piora progressiva dos sintomas, que tem a evolução dividida em três fases: leve, moderada e grave. Ressaltando que, muitas vezes, sintomas classificados em diferentes fases se mesclam em um mesmo período e, também, pode apresentar períodos de maior estabilidade.

Estágio Inicial (leve)

O estágio inicial raramente é percebido. Parentes e amigos (e, às vezes, os profissionais) veem isso como “velhice”, apenas uma fase normal do processo do envelhecimento. Como o começo da doença é gradual, é difícil ter certeza exatamente de quando a doença começa. A pessoa pode:

  • Ter problemas com a propriedade da fala (problemas de linguagem).
  • Ter perda significativa de memória – particularmente das coisas que acabam de acontecer.
  • Não saber a hora ou o dia da semana.
  • Ficar perdida em locais familiares.
  • Ter dificuldade na tomada de decisões.
  • Ficar inativa ou desmotivada.
  • Apresentar mudança de humor, depressão ou ansiedade.
  • Reagir com raiva incomum ou agressivamente em determinadas ocasiões.
  • Apresentar perda de interesse por hobbies e outras atividades.

Estágio Intermediário (moderada)

Como a doença progride, as limitações ficam mais claras e mais graves. A pessoa com demência tem dificuldade com a vida no dia a dia e:

  • Pode ficar muito desmemoriada, especialmente com eventos recentes e nomes das pessoas.
  • Pode não gerenciar mais viver sozinha, sem problemas.
  • É incapaz de cozinhar, limpar ou fazer compras.
  • Pode ficar extremamente dependente de um membro familiar e do cuidador.
  • Necessita de ajuda para a higiene pessoal, isto é, lavar-se e vestir-se.
  • A dificuldade com a fala avança.
  • Apresenta problemas como perder-se e de ordem de comportamento, tais como repetição de perguntas, gritar, agarrar-se e distúrbios de sono.
  • Perde-se tanto em casa como fora de casa.
  • Pode ter alucinações (vendo ou ouvindo coisas que não existem).

Estágio Avançado (grave)

O estágio avançado é o mais próximo da total dependência e da inatividade. Distúrbios de memória são muito sérios e o lado físico da doença torna-se mais óbvio. A pessoa pode:

  • Ter dificuldades para comer.
  • Ficar incapacitada para comunicar-se.
  • Não reconhecer parentes, amigos e objetos familiares.
  • Ter dificuldade de entender o que acontece ao seu redor.
  • É incapaz de encontrar o seu caminho de volta para a casa.
  • Ter dificuldade para caminhar.
  • Ter dificuldade na deglutição.
  • Ter incontinência urinária e fecal.
  • Manifestar comportamento inapropriado em público.
  • Ficar confinada a uma cadeira de rodas ou cama.

A idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de demência da DA, após os 65 anos o risco dobra a cada cinco anos.

Os familiares de pacientes com DA têm risco maior de desenvolver a doença no futuro, comparados com indivíduos sem parentes com Alzheimer, isso representa 10% dos casos e de pacientes com sintomas precoces da doença. Apesar disso, não é considerada hereditária.

Estudos apontam que o baixo nível educacional e pessoas analfabetas (com pouca aprendizagem ao longo da vida) parecem ser mais predispostas a desenvolverem o Alzheimer. Pessoas com atividade intelectual intensa parecem fazer mais sinapses (comunicação entre as células), o que faz com que os sintomas demorem mais a aparecer, assim como melhor educação pode refletir numa maior capacidade cognitiva e de reserva cerebral, que pode adiar a manifestação clínica da doença.

Outros fatores importantes que referem-se a hábitos e estilo de vida são considerados fatores de risco: hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo.

É comum que os sintomas iniciais da DA sejam confundidos com o processo de envelhecimento normal; não tão raro, a doença ser diagnosticada tardiamente.

A certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após o seu falecimento. Na prática, o diagnóstico é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico, que irá definir a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causada demência. Exames de sangue e de imagem, como tomografia ou, preferencialmente, ressonância magnética do crânio, devem ser realizados para excluir a possibilidade de outras doenças. A avaliação neuropsicológica envolve o uso de testes psicológicos para a verificação do funcionamento cognitivo em várias esferas; os resultados permitem identificar a intensidade das perdas em relação ao nível prévio e o perfil de funcionamento permite a indicação de hipóteses sobre a presença da doença.

O mapeamento pode ser útil ainda para a programação do tratamento de estimulação cognitiva, que considera as habilidades que merecem investimentos para ser preservadas e aquelas que precisam ser compensadas.

Apesar de não existir uma cura, as pesquisas têm progredido na compreensão dos mecanismos que causam a doença e no desenvolvimento das drogas para o tratamento.  Os objetivos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades da vida diária por mais tempo.

  • 1º. Tratamento dos distúrbios de comportamento

Para controlar a confusão e agressividade utilizam-se medicamentos da classe dos neurolépticos atípicos, embora mesmo com esses medicamentos pode ser difícil controlar esses sintomas.

Depressão e transtornos do sono também devem ser tratados com medicações específicas.

Aqui, cabe ressaltar a importância de se evitar remédios que podem prejudicar ainda mais a função intelectual ou cognitiva destes indivíduos, por isso o médico deve ficar atento com os remédios que o paciente com Alzheimer está usando.

  • 2º. Tratamento específico

Dirigido para tentar melhorar o déficit de memória, corrigindo o desequilíbrio químico do cérebro. Drogas como a rivastigmina, donepezil (Eranz), galantamina (Reminyl), entre outras, podem funcionar melhor no início da doença, até a fase intermediária. Porém, seu efeito pode ser temporário, pois a doença de Alzheimer continua, infelizmente, progredindo. Estas drogas possuem efeitos colaterais (principalmente gástrico e cardíaco), que podem inviabilizar o seu uso,

Também há o fato de que somente uma parcela dos idosos melhoram efetivamente com o uso destas drogas chamadas anticolinesterásicos, ou seja, não resolve em todos os idosos com demência. Outra droga, comumente utilizada na fase moderada e avançada da doença é a memantina, que atua de maneira diferentes dos anticolinesterásicos. A memantina é um antagonista não competitivo dos receptores NMDA do glutamato e comumente usada em associação com os anticolinesterásicos.

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Por ser incurável, não há uma forma de prevenção. Os médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social permite, pelo menos, retardar a manifestação da doença. Entre as atividades recomendadas para estimular a memória, estão: leitura constante, exercícios de aritmética, jogos inteligentes e participação em atividades em grupo.

  • Prognóstico

Quanto mais os efeitos da doença de Alzheimer avançam em seu corpo, mais o paciente tende a se afastar completamente do convívio social. O ator norte-americano Charles Bronson foi uma das vítimas da doença. Perto de perder a vida, aos 81 anos, em 2003, o ator de Era uma Vez no Oeste praticamente havia esquecido a sua identidade e não se lembrava de nada de seu passado como astro de Hollywood. O ex-presidente norte-americano Ronald Reagan, morto em 2004, foi outra vítima famosa. O problema de saúde tirou o político das atividades públicas, em sua última década de vida.

A família e a sociedade podem dar um grande apoio aos pacientes do Alzheimer. A Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) é formada por familiares dos pacientes e conta com a ajuda de vários profissionais, como médicos e terapeutas. A associação promove encontros para que as famílias troquem experiências e aprendam a cuidar e a entender a doença e seus efeitos na vida dos idosos. Para a coordenadora de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Neidil Espínola, mesmo com o desgaste, as famílias podem entender que, se o paciente sofre de uma doença incurável, pelo menos ele pode ser cuidado e receber carinho.

  • Interdição

O processo de interdição consiste na avaliação do paciente por perito médico, o qual atestará a capacidade de discernimento do indivíduo. O laudo emitido servirá de orientação para o juiz decidir pela intervenção, ou não.

A interdição do paciente de Alzheimer é feita através de processo judicial, sendo necessária a atuação de um advogado. Mas em casos específicos, o Ministério Público poderá atuar, sendo desnecessária a representação por advogado. O paciente também deverá ser levado até a presença do juiz (se houver possibilidade) para que este possa conhecê-lo.

O representante do interditado (no caso, o doente de Alzheimer), chamado de curador, é nomeado pelo juiz, e passará a exercer todos os atos da vida civil do paciente interditado; administrando os bens, assinando documentos, e tudo o que se relacione à vida cidadã do enfermo.

O paciente inválido por causa da doença de Alzheimer receberá acréscimo de 25% ao valor de sua aposentadoria quando precisar de assistência permanente de alguém.

  • Programa de Assistência ao Portadores de DA

Em 2002, o Ministério da Saúde publicou a portaria que instituiu no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) o Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer. Este programa funciona por meio dos Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, responsáveis pelo diagnóstico, tratamento, acompanhamento dos pacientes e orientação aos familiares e atendentes dos portadores de Alzheimer.

 Atualmente, existem 26 Centros de Referência já cadastrados no Brasil. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, vem investindo na capacitação de profissionais do SUS para atendimento aos idosos.

O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno recente, pois, até os anos 50, a expectativa de vida da população era de aproximadamente 40 anos, observa. Atualmente a esperança de vida da população é de 71 anos de idade, lembra a coordenadora.

Estimativas do Ministério da Saúde indicam que 73% das pessoas com mais de 60 anos dependem exclusivamente do SUS. O atendimento aos pacientes que sofrem do Mal de Alzheimer acontece não só nos Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, mas também nas unidades ambulatoriais de saúde.

Fontes: AbrazMinhavidaMinutosaudavelWikipedia.