Hipotiroidismo ou hipotireoidismo é um problema em que a glândula da tireoide não produz hormônios tireoidianos suficientes que o organismo precisa. A glândula da tireoide é um órgão do sistema endócrino e está localizada na região anterior do pescoço, ao redor da traqueia. E mesmo com o seu tamanho médio sendo de 15 ml (menos da metade de um copinho de café descartável) ela é responsável pela produção de dois hormônios: Triodotironina (T3) e Tetraiodotironina (T4), estes hormônios controlam como cada célula do corpo gasta energia, ou seja, o metabolismo.
A produção do T3 e T4 é regulada pelo hormônio TSH, que é produzido na glândula hipófise. O TSH age como se fosse um interruptor: quando faltam T3 e T4 no sangue, o TSH sobe (fica “ligado”) e com isso tenta normalizar os níveis destes hormônios. De forma inversa, quando T3 e T4 estão elevados no sangue o TSH fica “desligado” e seus níveis no sangue caem.
O hipotireoidismo acontece quando os níveis de T3 e T4 estão baixos. Nesse caso sintomas como cansaço, sonolência, dificuldade de perda de peso, cabelos e unhas secos e quebradiços além de raciocínio lento podem ocorrer. O quadro pode acontecer por um período curto (agudo) ou longo (crônico).
Alguns fatores ainda podem desencadear o hipotireoidismo, são eles:
- Cirurgia de tireoide;
- Deficiência de iodo;
- Distúrbio pituitário;
- Doença congênita;
- Doenças autoimunes;
- Gravidez;
- Medicamentos;
- Radioterapia;
- Tratamento de hipertireoidismo.
Hipotireoidismo congênito
Ao nascer, o bebê apresenta uma falta absoluta e congênita da glândula tireoide ou pode ter sofrido um erro no desenvolvimento embrionário da glândula em que as células tireoides não tenham migrado por completo.
Na ausência total da glândula o problema é grave e precisa ser resolvido nos primeiros dias depois do nascimento, porque até então recebia as hormônios da mãe. Cerca de um a cada 4 mil recém-nascidos possuem hipotireoidismo congênito.
Hipotireoidismo induzido por causas externas
Por extirpação cirúrgica parcial da glândula tiroide por qualquer motivo, é evidente que se assista a uma quebra na produção hormonal. Ainda que a glândula possua uma certa capacidade de compensação, aumentando o tamanho poderá se produzir uma situação de hipotireoidismo.
Hipotireoidismo induzido por medicamento
É a medicação antitireoidiana desnecessária, isto é, tomada para combater uma situação de hipertireoidismo e que é tomada para além do tempo necessário. Isso leva a um bloqueio na assimilação do iodo pela tireóide, baixando os hormônios tireoidianos no sangue e elevando a TSH, que provocaria um aumento desmedido do tamanho da glândula (Bócio ou Hiperplasia Difusa) e, finalmente, a uma situação hipofuncional severa.
Hipotireoidismo por alimentação pobre em iodo
Há certas zonas do mundo em que a concentração de iodo na água e nos terrenos agrícolas é muito reduzida levando a situações de Bócio Endêmico por carência generalizada desse elemento.
Hipotireoidismo de causa Imunitária ou Tireoidite Autoimune
Também chamada de Tireoidite de Hashimoto, é a causa mais frequente de hipotireoidismo.
É um ciclo lento e vicioso que só para na destruição total da glândula. A tireoidite crônica auto-imune é como o nome indica uma forma crônica de tireoidite que do ponto de vista clínico pode ter pouca sintomatologia e passar mesmo despercebida. A sua origem é imunológica e está relacionada com fenômenos de auto-imunidade, com auto-agressão da tireóide pelo sistema imunitário do próprio indivíduo. Esta doença é muito comum, 4 vezes mais frequente na mulher e cuja frequência aumenta com a idade.
Ainda, existem dois tipos de anticorpos que atacam a glândula tireoide. Os Anticorpos Anti-Tireoglobulinas e os Anti-Peroxidase (Anti-TPO). Desconhece-se o modo de atuar dos primeiros embora se conheça o seu resultado prático. Dos segundos o processo encontra-se substancialmente conhecido.
A tireoidite crônica auto-imune pode estar associada a mau funcionamento da tireoide. Pode evoluir com alguma frequência com hipotireoidismo e mais raramente com uma Tireotoxicose transitória (tireoidite silenciosa).
Hipotireoidismo subclínico
O hipotireoidismo subclínico é uma espécie de “pré-hipotireoidismo”, uma fase anterior ao surgimento do hipotireoidismo franco. A tireoide está doente, mas ainda é capaz de produzir hormônios tireoidianos se estimulada por níveis elevados de TSH.
Em boa parte destes pacientes a doença é progressiva, sendo, com o passar do tempo, necessários níveis cada vez maiores de TSH para que a tireoide se mantenha funcionando adequadamente.
Os sinais e sintomas de hipotireoidismo costumam variar, dependendo da pessoa e da gravidade do caso. Em geral, os sintomas manifestados tendem a se desenvolver lentamente, às vezes por muitos anos.
Na primeira fase da doença, você pode notar apenas alguns indícios, mas sem desconfiar do que pode-se tratar. Com o tempo, com alterações cada vez mais marcantes no metabolismo, os sintomas da doença podem começar a ficar mais evidentes, levando-o a procurar um médico.
Os sintomas mais comuns do hipotireoidismo costumam ser:
- Fadiga;
- Sensibilidade ao frio;
- Prisão de ventre;
- Pele ressacada;
- Ganho inexplicável de peso;
- Inchaço no rosto;
- Rouquidão;
- Fraqueza muscular;
- Colesterol alto;
- Dores, sensibilidade e rigidez musculares;
- Queda de cabelo;
- Ritmo cardíaco mais lento;
- Depressão;
- Problemas de memória.
Como o hipotireoidismo é mais comum em mulheres mais velhas, alguns médicos costumam recomendar que mulheres acima dos 60 anos realizem exames de rotina para checar o funcionamento da tireoide. A mesma recomendação é feita para mulheres grávidas ou para aquelas que estão planejando uma gravidez.
Exames de sangue
O diagnóstico de hipotireoidismo é baseado nos sintomas do paciente e nos resultados de exames de sangue que medem o nível do TSH, o hormônio estimulante da tireoide, e, por vezes, o nível dos hormônios triodotironina (T3) e a tetraiodotironina (T4) produzidos pela tireoide. Um baixo nível de T4 ou T3 e alto nível de TSH indicam uma disfunção da tireoide. Isso porque a hipófise acaba produzindo mais TSH em decorrência de um esforço maior para estimular a glândula tireoide a produzir mais hormônios.
O tratamento padrão para o hipotireoidismo envolve o uso diário de uma versão sintética do hormônio tetraiodotironina (T4): a levotiroxina. Esta medicação oral restaura os níveis hormonais adequados, revertendo os sinais e sintomas.
Os primeiros resultados do tratamento costumam aparecer de uma a duas semanas após o seu início. Essa edicação também reduz gradualmente os níveis de colesterol e ajuda a reverter, também, um eventual ganho de peso do paciente provocado pelo hipotireoidismo.
No entanto, para determinar a dose exata de levotiroxina, o médico geralmente verifica o nível de TSH após dois a três meses.
Se você tiver doença arterial coronariana ou hipotireoidismo grave, o médico pode iniciar o tratamento com uma quantidade menor de medicação e aumentar gradualmente a dosagem. Reposição hormonal progressiva é importante para adaptar o corpo ao novo metabolismo, que é mais acelerado.
Se utilizado nas doses corretas, a levotiroxina não costuma provocar efeitos colaterais.
Não existem meios de se prevenir hipotireoidismo. Exames de triagem para recém-nascidos podem detectar o quadro congênito. Faça testes de rotina para verificar o funcionamento da tireoide e detectar possíveis problemas.
Fonte: Minha vida, Minuto saudável.